sábado, 16 de novembro de 2013

A minha guerra

“Em Chiede nem o pão conseguíamos cozer”

Com a especialidade de cabo padeiro, cabia-me a missão de fazer o meu melhor, mas as condições da guerra em Angola nem sempre o permitiam
  • 10 de Fevereiro 2013, 15h00
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Por:Mário Silva, Angola (1971-1973)

Decorria o mês de maio de 1971, já com a especialidade de padeiro tirada no 2º Grupo Companhia Administração Militar no Lumiar, Lisboa, quando recebi a informação de que estava mobilizado para Angola. Fui integrado no Bat. Caç. 3848, C.C.3387 e, a 7 de julho de 1971, embarquei no ‘Vera Cruz’ com destino a Luanda, onde cheguei passados nove dias. Durante a viagem tive os primeiros contactos com os meus colegas da companhia e seguimos juntos para o Grafanil. Normalmente, poucos se aguentavam dentro daquele campo militar, procurando as diversões, praias e restaurantes em Luanda, e eu também não fugi à regra.
A 23 de julho de 1971 partimos com destino a Nambuangongo, e a C.C.3387, a que pertenci, foi até ao Quixico. Assim que cheguei tentei saber o que me esperava e fui falar com o padeiro da companhia que íamos render. Passados oito dias partiram e fiquei só na padaria. Pedi ao furriel da alimentação para que o homem que estivesse de serviço me chamasse às 02h00, hora a que deveria cozer o pão.
Coube essa missão ao pessoal que estava de serviço junto à padaria, situada a uns dez metros do meu quarto. Nessa altura, comecei a conhecer os colegas com quem iria conviver durante dois anos. Todos os dias, à mesma hora, o sentinela que deixava o serviço tinha a missão de me chamar, para eu ir cozer o pão. Durante UM FORNO NO MATO
Em 1973, cheguei com a minha Companhia a Chiede. O camarada que ia substituir alertou--me para o facto de que o forno não cozia nas devidas condições, obrigando a deslocação diária a Pereira d’Eça, a cerca de 60 quilómetros, onde adquiriam o pão na padaria civil.
Quando fiquei por conta própria, o local de padaria apenas tinha o nome, pois não passava de uma tenda de lona semelhante às outras onde éramos obrigados a dormir.
Logo no primeiro dia tivemos problemas com a qualidade do pão. Éramos os mesmos que no Quixico tínhamos sido elogiados por um brigadeiro durante uma visita. Todavia, no Chiede, o pão era péssimo, não por nossa culpa, mas pelas más condições do forno, construído num formato retangular, com uma mistura de barro com terra preta, que se desfazia facilmente.
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essas visitas falava-se de muitas coisas e contavam-se muitas anedotas.
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